Receita sentimental da Angélica - Creme de abacate

CREME DE ABACATE DA DONA MAURA, MÃE DA ANGÉLICA

Pode ter outro nome: Creme de abacate da liberdade, da boa educação, da psicologia do amor materno.



Ingredientes

1kg de abacate

250 g de água (copo de requeijão)

1 lata de leite condensado

Jeito que ela faz:

A quantidade de abacate é medida com o abacate fechado, ou seja, com caroço e tudo, a fruta inteira.

Depois tira o caroço e a casca e usa só a parte de dentro (assim que ela fala quando me ensina tudo, detalhista...ahaha)

No liquidificador aos poucos e nessa ordem, a água, o abacate e o leite condensado.

Minha mãe faz um pouco e começa de novo com outra porção, até acabar os ingredientes, depois junta e bate novamente.

Se preferir uma receita menos calórica, substituir 1 lata de leite condensado pelo suco de um limão grande, e adoçante próprio para cozinhar.A quantidade de adoçante, é no "olhômetro" e no paladar que ela descobre o ponto dela. Eu obviamente gosto mais da anterior.

Colocar na geladeira, se for servir no mesmo dia, geladinho fica maravilhoso.

Pode congelar e retirar algumas horinhas antes de servir, só dar uma mexidinha depois do descongelamento natural. Costumamos descongelar tirando do freezer e deixando na geladeira. O sabor não muda, fica maravilhoso do mesmo jeito.

Historinha

Nesta época (1972) eu não só comia o creme de abacate. Também vitamina, e abacate de tantas formas que ela inventava, era amassadinho, misturado com banana, amassado misturado com arroz e batata, e talvez tenha surgido daí a minha mania de sempre comer uma fruta junto com o almoço.

Mãe conta que durante esse período de duas semanas eu comecei a fazer totô (cocô) verde, eram umas bolinhas verdes, aí ela me mostrava e dizia:

- Filha você já esta fazendo totô verde, você está quase virando uma lagartixa, daqui a pouco você vai subir na árvore e vai embora;

- Eu subo mãe, subo nessas árvores daqui da frente da nossa janela e você fica me vendo.

- Mas essas arvores não são de abacate filha, são de folha e você não gosta de folhas.

- Mas mãe, você compra e leva pra mim.

- Mas a mãe não sabe subir em arvore.

- Eu desço para comer e subo de novo.

- A mãe vai fazer assim então: vou comprar e te levar no pé da árvore, mas temos que comprar logo, pois o período de abacate está acabando e param de chegar no mercado.

- Mãe você vai comprar todos que estiverem lá? Se não eu só vou poder virar lagartixa no ano que vem...(no fundo eu queria ficar livre, no meio do bichos).

Nesse dia eu fui com ela e minha irmã Valéria, na época com 10 anos, comprar abacate no mercado. Minha mãe muito sábia me deixou colocar todos os abacates que eu consegui no carrinho, era um carrinho meu e outro dela. Então no caixa, minha irmã ficou brincando comigo enquanto ela passava as compras e uns 4 (quatro) abacates somente. Ela diz que eu peguei uns 20. Me deu dois para carregar, pois elas “estavam carregando todos os outros que eu coloquei no carrinho”.

Chegando em casa ela disse: `

- Pronto, compramos todos os abacates do estoque, quando acabar, você vai ter que parar de comer né?

-E se eu já tiver virado lagartixa?

- Aí a mãe dá arroz, feijão, carne e tomate lá no pé da árvore.

E então a temporada de abacate acabou, eu não virei lagartixa e no ano seguinte ela diz que nem entrou abacate em casa, voltei a comer mais mocinha, com menos fantasia.

Subi em muita árvore quando era criança, peguei muito abacate no pé, pois aqui em Brasília basta olhar para o alto que a gente encontra uma infinidade de arvores maravilhosas, esses dias fiz umas fotos de uns abacates, vou anexar para você.

Ainda não virei lagartixa, mas amo profundamente todos os animais não humanos, alguns poucos humanos também. Continuo comendo de tudo, menos os animais, cada vez que olho para um prato de carne, lembro dos olhinhos deles.

O creme de abacate, ela sempre faz quando eu peço, ou quando ela acha que estou precisando de um mimo. Tenho alguns no meu congelador, quando quiser experimentar o feito por ela, basta combinar.